Mata Atlântica
top of page
  • Foto do escritorPit

Mata Atlântica

No dia 27 de maio se comemora o Dia da Mata Atlântica, um bioma brasileiro de grande importância nacional e mundial.




A Mata Atlântica está espalhada por todo o litoral do Brasil, desde o Rio Grande do Norte até o norte do Rio Grande do Sul, sendo o segundo maior bioma do país, o primeiro é a Amazônia. Geralmente, ocupa uma faixa de 50km de largura, exceto na região Sudeste onde pode chegar a 200km de largura atingindo o leste de Minas Gerais. Hoje estima-se que só restou praticamente 7% da sua formação original e muito se deu em função da ocupação e exploração do território no século XVI com o "descobrimento" do país até os dias atuais.


Por causa da sua longa extensão, sofre certa variedade de climas - em especial em regiões montanhosas - e de solo. E isso afeta na vegetação. O clima, de modo geral, pode ser classificado como Equatorial ou Tropical Pluvial que significa muita chuva com pouca variação de temperatura. A média da temperatura é de 20 graus Celsius - nas regiões serranas, as temperaturas no inverno podem diminuir bastante podendo gear. O solo é um solo pobre em minerais em função da lixiviação por causa das chuvas frequentes. A floresta só se mantém por causa da serapilheira, aquela camada de folhas, restos de plantas e animais em decomposição que forma a matéria orgânica - essa camada consegue além de suprir nutrientes, reter a umidade no solo e raízes. Abaixo dessa camada, não há muitos nutrientes e há uma alta acidez e é por isso que depois de algumas colheitas o solo se torna infértil, mas isso é assunto para outro post.


A vegetação dessa região está relacionada com o clima de cada região e é influenciada pela altitude, temperaturas máximas e mínimas, umidade e iluminação.

De maneira geral, a vegetação se caracteriza por espécies de árvores mais altas, com suas copas mais próximas umas das outras, formando um dossel que controla a quantidade de luz que irá atingir as árvores e as vegetações mais baixas. São comuns arbustos de pequeno porte, além de ervas e gramíneas, musgos e brotos, e também trepadeiras que se desenvolvem nos troncos das árvores.



A Mata Atlântica, por conter grande variedade de vegetais, propiciou uma significativa diversificação ambiental, criando as condições adequadas para a evolução de diversas espécies animais. É por este motivo que a Mata Atlântica é considerada atualmente como um dos biomas mais ricos em termos de diversidade biológica do Planeta. Parte desta biodiversidade é devido aos vários tipos de ecossistemas em seu território.

Não há dados precisos sobre a diversidade total de plantas da Mata Atlântica, mas considerando somente as angiospermas (plantas com sementes protegidas dentro de frutos), estima-se que o Brasil possua entre 55.000 e 60.000 espécies, ou seja, de 22% a 24% do total que se estima existir no mundo. Desse total, a Mata Atlântica possui cerca de 20.000 espécies, ou seja, entre 33% e 36% das existentes no País - dados estimados. Para se ter uma idéia da grandeza desses números, basta compará-los às estimativas de diversidade de angiospermas de outros continentes: 17.000 espécies na América do Norte, 12.500 na Europa e entre 40.000 e 45.000 na África.

Só em São Paulo, estado que possuía cerca de 80% de seu território originalmente ocupado por Mata Atlântica, estima-se existirem 9.000 espécies de fanerógamas (plantas com sementes, gimnospermas e angiospermas), 16% do total existente no País e cerca de 3,6% do que se estima existir em todo o mundo. No caso das pteridófitas (plantas vasculares sem sementes como samambaias e avencas), as estimativas apontam para uma diversidade entre 800 e 950 espécies, que corresponde a 73% do que existe no Brasil e 8% do mundo.

Vale ressaltar que das plantas vasculares conhecidas da Mata Atlântica 50% são endêmicas, ou seja, não ocorrem em nenhum outro lugar no planeta. O endemismo se acentua quando as espécies da flora são divididas em grupos, chegando a índices de 53,5% para árvores, 64% para palmeiras e 74,4% para bromélias.



Entre as muitas espécies de plantas da Mata Atlântica existem várias de importância ecológica, econômica, alimentar, medicinal e cultural. Além de muitas outras bem peculiares e curiosas.

Muitas dessas espécies endêmicas são frutas conhecidas, como é o caso da jabuticaba, que cresce grudada ao tronco e aos galhos da jabuticabeira (Plinia grandifolia), daí seu nome iapoti-kaba, que significa frutas em botão em tupi. Outras frutas típicas da Mata Atlântica são a goiaba (Psidium guajava), o araçá (Psidium cattleyanum), a pitanga (Eugenia uniflora), o caju(Anacardium occidentale) e as menos conhecidas cambuci (Campomanesia phaea), cambucá (Plinia edulis) e uvaia (Eugenia pyriformis). Outra espécie endêmica do bioma é a erva mate (Ilex paraguariensis), matéria-prima do chimarrão, bebida muito conhecida na região Sul.



Muitas espécies da Mata Atlântica estão ameaçadas de extinção. Começo falando do pau-brasil (Paubrasilia echinata), espécie cujo nome batizou o País. Várias espécies foram consumidas à exaustão ou simplesmente eliminadas para limpar terreno para culturas e criação de gado. Além do desmatamento, outros fatores colaboram para o desaparecimento de espécies vegetais, como o comércio ilegal. Um exemplo é o palmito juçara (Euterpe edulis), espécie típica da Mata Atlântica, cuja exploração intensa a partir da década de 1970 quase levou à extinção. Apesar da retirada sem a realização e aprovação de plano de manejo ser proibida por lei, a exploração clandestina continua forte no País. O mesmo vem acontecendo com o pinheiro-do-paraná ou araucária (Araucaria angustifolia), espécie que chegou a responder por mais de 40% das árvores existentes na floresta ombrófila mista (florestas tropicais com a presença das araucárias e outras coníferas), hoje reduzida a menos de 3% de sua área original. Orquídeas e bromélias também são extraídas para serem vendidas e utilizadas em decoração. Plantas medicinais são retiradas sem qualquer critério de garantia de sustentabilidade.



Um exemplo é o jatobá (Hymenaea courbarail). A dispersão de suas sementes depende que seu fruto seja consumido por roedores médios e grandes capazes de romper a sua casca. Como as populações desses roedores estão diminuindo muito, os frutos apodrecem no chão sem permitir a germinação das sementes. Com isso, já são raros os indivíduos jovens da espécie. À medida em que os adultos forem morrendo, faltará alimentos para os morcegos, que se alimentam do néctar das flores de jatobá.


Referências:

Coutinho, L., 2016. Biomas brasileiros. Oficina de Textos.


AB'SÁBER, Aziz. Os domínios de natureza no Brasil: potencialidades paisagísticas. 4. ed. São Paulo, SP: Ateliê Editorial, 2003. 144 p. ISBN 9788574803555.


AB’SÁBER, A.; MARIGO, L. C. Ecossistemas do Brasil/Ecosystems of Brazil. São Paulo, Metalivros, 2009, 300p.


Adams, C., 2000. As roças e o manejo da Mata Atlântica pelos caiçaras: uma revisão. Interciência, 25(3), pp.143-150.


Cembraneli, F., 2008. Viabilidade econômica da exploração de palmito Euterpe edulis Mart. no bioma Mata Atlântica, Vale do Paraíba-SP.


Dean, W., 1996. A ferro e fogo: a história e a devastação da Mata Atlântica brasileira. In A ferro e fogo: a história e a devastação da Mata Atlântica brasileira (pp. 484-484).


Devide, A.C.P., Leite, A.C., Ribeiro, S.L.S., de Castro, C.M. and Quevedo, J.M.G., Conexões que transformam a sociedade e o ambiente: ações da Rede Agroflorestal do Vale do Paraíba no Assentamento Nova Esperança I de São José dos Campos–SP, Brasil.


Forzza, R.C., Salino, A., Sobral, M., da Costa, D.P. and Kamino, L.H.Y. eds., 2009. Plantas da floresta Atlântica (Vol. 1). Rio de Janeiro: Jardim Botânico do Rio de Janeiro.


Atlântica SM. Mata Atlântica. Fundacßao SOS Mata Atlântica, Sao Paulo. 1992.


Souza, R.M., 2010. Ecossistemas do Brasil. Sociedade & Natureza, 22(2), pp.419-422.


Tabarelli, M., Pinto, L.P., Silva, J.M.C., Hirota, M.M. and Bedê, L.C., 2005. Desafios e oportunidades para a conservação da biodiversidade na Mata Atlântica brasileira. Megadiversidade, 1(1), pp.132-138.


Zaú, A.S., 1998. Fragmentação da Mata Atlântica: aspectos teóricos. Floresta e ambiente, 5(1), pp.160-170.



13 visualizações0 comentário
Post: Blog2_Post
bottom of page